Experiências Religiosas

Por: Wanderson Nunes Ferreira 21 de dezembro de 2020

Desde muito cedo, ele viu no pastor o homem estagnado numa condição medíocre, a quem faltaram forças para seguir sua linha própria de desenvolvimento; o homem que não enfrentava as dúvidas religiosas que o atormentavam, segundo parecia ao filho. O pastor temia as experiências religiosas imediatas, agarrava-se à fé, amparava-se na Bíblia e nos dogmas. Jung nunca poderia aceitar tal atitude. Sentia-se muito mais afim com sua mãe. (NISE DA SILVEIRA, Jung Vida e Obra, Ed. Paz e Terra).

Jung, no seu legado, a Psicologia Analítica, deixou bem claro a importância do papel religioso na experiência humana, o qual ele conceituou “Função Religiosa”. Dizia ele que mesmo para um ateu, há uma função, uma experiência espiritual, impalpável, que algo está por detrás das aparências. Quando vê nas bolsas de valores uma oportunidade, intuitivamente, quando visita uma feira de automóveis ou quando se realiza na promoção do cargo mais alto da empresa. Mesmo com um olho cuidadoso no seu dinheiro, nos números do extrato do banco, há uma função de fé, um depositar sua fé, neste sistema, nessa empresa, nessa marca etc.

Sobre a função religiosa, à palavra religiosa, Jung quis dar o sentido mais profundo, como experiência de “religar” e longe de uma abordagem de adepto de alguma instituição religiosa. Por isso podemos entender, no nosso português como uma experiência espiritual. Essa experiência, para Jung era de confronto, questionamentos, via nisso a oportunidade de conectar-se com o seu sagrado Self e assim aconteceu. Em um de seus registros, no Livro Vermelho (Sonu Shandasani, Ed. Vozes) ele encontra “Philêmon” a imagem arquetípica de seu Self e da qual profundos diálogos o iniciaram na jornada de tornar-se “Si-mesmo”.

Publicado em: 21 de dezembro de 2020 por

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